Saúde
Pelotas registra procura intensa por imunizante contra a gripe
No primeiro dia de liberação da vacina para a população acima de seis meses, o posto no Mercado Central foi o mais movimentado
(Foto: Jô Folha) - Fila no Mercado Público se formou antes da 8h
No primeiro dia de vacina contra o vírus da Influenza para a população a partir dos seis meses de idade, a procura foi grande no Mercado Público Central. Mesmo antes de abrir as portas das bancas 16 e 17, já havia fila. Duas horas depois, às 10h, uma das responsáveis pelo preenchimento das carteiras de vacinação brincou que não conseguia ter uma folguinha, mas comemorou o movimento. Já nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), a rotina se manteve a mesma. A medida de ampliar o público para o imunizante segue a orientação do Ministério da Saúde, e, com isso, a Prefeitura de Pelotas abasteceu todos os pontos de aplicação da cidade.
A manicure Gilciane Jensen Recondo, 33, tomou a bivalente contra a Covid-19 na segunda-feira, mas por causa da idade, ficou sem a imunização da gripe. "Quando eu vi no Instagram da Prefeitura, retornei um dia depois (ontem) para receber a dose da Influenza", conta ela ao mostrar a carteira de vacinação preenchida. Para a autônoma, o gesto é uma forma de se proteger e proteger os outros, já que lida com o público. "Quem tem oportunidade, que faça, pois assim é menos gente doente na cidade", indicou ao lembrar que as fake news deixou muita gente com medo de se imunizar.
Na UBS Simões Lopes, o micro empresário Luciano Soares, 46, juntamente com alguns funcionários do estabelecimento, retiraram a ficha e ficaram à espera da chamada. "Eu me vacino todos os anos e não peguei mais gripe", afirmou ele ao conseguir o engajamento da equipe. "Nós trabalhamos no mesmo ambiente, então é importante que todos estejam protegidos", assegurou. Já Márcio Moreda, 48, tem hipertensão e mesmo se não tivesse ampliado a faixa etária estaria apto a receber a dose da Influenza por ter uma das comorbidades. "Virou rotina. Desde que passei a tomar as vacinas, só tive Covid e não senti nada", garantiu. Mesmo com cerca de cinco pessoas à espera da aplicação no momento que a reportagem esteve no posto, a procura é considerada baixa para quem atua no local.
Resultado
De acordo com a responsável técnica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Areal e professora do curso de Medicina da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), médica Andréa Guadalupe, durante o inverno aumenta a circulação de vírus respiratórios como a influenza. “Então é hora de lembrar não só de atualizar a vacina da Covid como a da gripe”, enfatizou. Para ela, principalmente, as pessoas idosas com doenças respiratórias, hipertensas e diabéticos. Na linha de frente dos atendimentos da UPA, a profissional garante que a imunização diminui a circulação do vírus na população. “Assim se diminui hospitalizações, casos graves por gripe e, o que se espera, é uma redução no número de consultas ambulatoriais levando em conta a sobrecarga do serviço de saúde na cidade”. De janeiro a março, Pelotas registrou 909 atendimentos a pessoas com síndromes respiratórias.
Cobertura vacinal
Nas últimas duas semanas, a imunização dos grupos prioritários deu um salto de 16,48% para 28,97%, o que corresponde a 40.166 pessoas vacinadas. Já o grupo das crianças preocupa os profissionais da saúde. Até o momento, segundo dados da MS, apenas 10,91% do público alvo recebeu a dose protetora. A médica pediatra do Pronto-Socorro de Pelotas e da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da Furg, Bianca Roschildt Pinto, lembra que nesse período em que há um acréscimo de infecções respiratórias devido à oscilação da temperatura e o aumento do frio, cresce o número de infecções virais e bacterianas, como bronquiolite, pneumonias e síndromes gripais, o que gera mais internações. "A importância da vacina é que com ela vamos ter uma proteção contra a doença, reduzindo os casos de gripes e principalmente as complicações, as internações e até os óbitos, uma vez que se reduz o vírus circulante", comentou.
A preocupação da profissional, no entanto, é com a baixa cobertura vacinal dos últimos anos. "No ano passado, 57% da população pediátrica, de seis meses a seis anos, foi vacinada no Rio Grande do Sul, sendo que a meta é sempre mais que 95%", conta. Segundo Bianca, a vacina contra influenza contempla três cepas distintas: A-H1N1, A-H3N2 e B. "O público infantil até nove anos de idade, se estiver fazendo a imunização para a gripe pela primeira vez, esta deve ser em duas doses, com intervalo de quatro semanas entre elas", explicou. Como no caso do Guilherme Pinto, seis anos, que esteve ontem no Mercado Público com os irmãos Bernardo, nove, e Alice, quatro. O trio, além de receber a dose da Influenza, tomou ainda a vacina da Covid-19.
Com os três juntos, um garantiu apoio ao outro durante a picadinha. "Eu não quero mais ficar com gripe", afirmou o irmão mais velho, Bernardo. Mesmo na presença da pequena Alice, foi difícil evitar a expressão de dor na hora da vacina no braço. Para a família, a importância dos três estarem imunizados é que eles costumam andar descalços e com pouca roupa, mesmo em dias frios. A pediatra Bianca lembra ainda a alta transmissibilidade dos vírus. "Por isso é importante manter os ambientes arejados, além de evitar visitas e permanecer no mesmo ambientes de outras pessoas quando se está com sintomas respiratórios, como tosse, coriza, febre, dor no corpo e dor de garganta".
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário